Day 6 — Um estranho.

Hoje estou completamente desiludida, completamente KO. A vida escolar está a tornar-se mais difícil.
É difícil falar de um estranho, é complicado escolher o estranho a que me posso referir porque normalmente um estranho é alguém de quem não temos referências, alguém em que nada nos cativa em que nada nos prende porque na verdade não o conhecemos, porque na verdade não passa de um estranho por isso não vou falar desse tipo de estranhos porque nunca faria muito sentido falar de alguém que nada me prende, que nada me cativa, ou que nenhum interesse me desperta. Vou falar de uma estranha, não é uma estranha... Talvez uma semi, ou talvez não tenha mesmo nada de estranha. É complicado. Mas hoje vou falar dela.
 Refiro-me com todo o gosto á Ana Filipa. O que é um estranho? Alguém a quem nunca demos a mão? Alguém a quem nunca falamos? Alguém que não vemos? Se for nesse sentido ela é uma estranha, mas na verdade ela não é uma estranha nem será. Na verdade ela é minha prima, e ia ser minha afilhada, chama-se Ana Filipa e vai fazer exactamente amanhã 2 semanas que nasceu. Está ligada ás máquinas, já foi operada ao coração, está em casos mal parados, reagiu bem mas teve uma recaída e voltou a precisar urgentemente de oxigénio. Sim é um caso complicado mas ela pode ser só estranha pelo facto de nunca ter pegado nela, pelo facto de ela estar numa cama de hospital ligada ás maquinas e ninguém a pode ver, mas de resto ela é muito, é a minha família, é do meu sangue, é filha da minha madrinha, é um bebé, ela é tudo isto e mais alguma coisa. Ela não é um estranho!  Apenas nunca lhe toquei.
 Espero que consigas enfrentar tudo isto, se conseguires sair bem já és uma campeã, já és uma vencedora. Não desistas.