Coração, Coração

domingo, 19 de setembro de 2010

pequena marioneta

Está a começar, devagar, lentamente. De um modo ou de outro já começou, começou desde o dia em que tomei iniciativa, desde o dia em que deixei ser comandada como uma marioneta em cena, ou nas mãos de miúdos que não nos sabem orientar e então que mexem de uma forma muito violenta que nos atormenta. Tu foste uma má criança que me manobrava como sua marioneta, e foste um mau miúdo porque nunca me soubeste manobrar, nunca conseguiste cuidar de mim como devias ter cuidado, e então essa marioneta fartou-se, fartou-se de ser mal usada, fartou-se de ser comandada, de ser vigiada, e sobretudo de ser controlada passo a passo, de não ter atenção, mas principalmente de nunca nos entendermos. A marioneta fartou-se, de ser aquilo que os outros queriam, nos momentos em que queriam, nas circunstâncias mais pretendidas. E então nesse dia a marioneta fugiu, fugiu sem voltar atrás, sem se arrepender mesmo que por momentos tenha pensado no passado nunca pensou em recuar, nem mesmo quando o passado tentava chegar perto dela. Ela conseguiu ser sempre mais rápida e fugiu. Fugiu, e andou perdida durante um certo tempo é verdade mas encontrou outra criança, uma criança que parece ser mais doce, mais preocupado, mais responsável, mais atencioso. Uma criança que tem cuidado, que não tem medo, uma criança que dá tudo, tudo o que precisamos.  A marioneta ideal que pretendemos que seja sempre.

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